segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Crônica da semana

Num evento recente, promovido pela OGU, destaco uma questão levantada pelo Ouvidor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Carlos Vinícius Costa de Mendonça, a Retórica da Ouvidoria.
Ao analisar o termo “retórica”, temos do grego rhetoriké, que nada mais é do que um sistema de comunicação que visa, pelo discurso organizado e eloqüente sem se recorrer à coação, incutir novas crenças no auditório, ou seja, persuadi-lo de determinada tese.
Enfim, esta é apenas uma das diversas definições, mas que considero caber naquilo que proponho trazer a baila. Que tipo de comunicação ou discurso então devemos buscar enquanto ouvidoria? Pela definição, não podemos, nem devemos recorrer a coação, mas devemos ser eloqüentes ao ponto de inserir, pacificamente, novas idéias ou crenças. Neste momento, me vejo quase que obrigado a lembrar de alguns momentos marcantes ocorridos no 4º Seminário Nacional Ouvidores & Ouvidorias, ocorrido mês passado na cidade de Fortaleza, onde resgato a fala do Presidente Nacional da ABO, Dr. João Elias, que em seu discurso na abertura do evento assim disse: “O Ouvidor deve ser ativo e com condições de modificar a realidade. Deve ter uma atuação positiva e transformar desejo em realidade”, deixando implícita a importância da retórica nestas conquistas. Em sintonia com o que colocou Dr. João Elias, o Ouvidor da UFES, Carlos Vinícius Costa, ressalta que o papel do ouvidor se traduz num exercício estático e burocrático de receber as manifestações, o verdadeiro ouvidor é participativo e elemento provocador das dinâmicas institucionais. Porquanto isto considerado, resgatamos mais um fala oriunda do 4º Seminário Nacional Ouvidores & Ouvidorias, desta feita do Presidente do Instituto Pró-Cidadania, Petronio Tavares, “As ouvidorias precisam avançar ao ponto de sentirem-se responsáveis pela formulação das políticas”.
Todavia, ocupar este espaço de elemento catalisador de mudanças políticas, sociais e institucionais, requer do ouvidor um afinamento em seu discurso, com um poder de argumentação real, o que lhe concede o artifício da mediação efetiva. A fala do ouvidor, um dos mais importantes instrumento depois da escuta, não deve ser fria, burocratizada, impositiva muito menos arrogante. Deve, então, possuir uma oração objetiva, mas não talhadora, criativa, mas não mirabolante.
Modificar a realidade e ser agente de mudanças políticas é possível apenas com a boa retórica? Quem sabe. Os pensamentos transformam o mundo a cada momento, e as palavras são seus guias e os homens seus operários.